O dia 5 de novembro de 2015 marca o maior desastre socioambiental brasileiro
O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), marcou a história do povo brasileiro no dia 5 de novembro, relembrando os momentos de desespero e perdas diversas para a sociedade como um todo.
Considerado o maior desastre do mundo envolvendo barragens de rejeitos, o rompimento despejou um volume total de 40 milhões de metros cúbicos, que percorreu a Bacia do Rio Doce, alterando bruscamente diversos aspectos da vida das comunidades.
Como consequências imediatas, o deslocamento físico das pessoas e os danos ao ecossistema do Rio Doce, demandaram debates e posicionamentos sobre um complexo processo de reparação e compensação dos impactos causados pelo desastre.
O dia do desastre
Foi em uma quinta-feira do dia 5 de novembro de 2015, por volta das 15h30, que aconteceu o rompimento da barragem de Fundão, situada no Complexo Industrial de Germano, no Município de Mariana/MG. Além do desastre socioambiental, a tragédia vitimou 19 pessoas.
O empreendimento estava instalado na Bacia do rio Gualaxo do Norte, afluente do rio do Carmo, que é afluente do rio Doce. E o seu colapso ocasionou um “tsunami” com os rejeitos de minério de ferro e sílica, entre outros materiais.
A onda de rejeitos atingiu a barragem de Santarém, mais à frente, erodindo parte da estrutura após receber volumes de água e rejeitos estrondosos. E, em alta velocidade, a onda atingiu o Córrego de Fundão e o Córrego Santarém, soterrando grande parte do subdistrito de Bento Rodrigues, vitimando 19 vidas e desalojando centenas de famílias.
A avalanche de lama e rejeitos percorreu 55 km até desaguar no rio do Carmo, atingindo diretamente as comunidades de Paracatu de Baixo, Camargos, Águas Claras, Pedras, Ponte do Gama, Gesteira, além dos municípios mineiros de Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado.
O trecho de maior impacto da onda de rejeitos está localizado entre a barragem de Fundão e a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, com o transbordamento de um grande volume de rejeito para as áreas de preservação dos rios Gualaxo do Norte e rio do Carmo, destruindo a cobertura vegetal das margens do rio, removendo tudo que estava sobre o solo.
Além das perdas na vegetação, o rejeito destruiu habitats de animais terrestres e aquáticos, tanto na bacia do Rio Doce, quanto no ambiente marinho da foz.
Impactos incalculáveis
As perdas de propriedades rurais invadidas pela lama, vidas ceifadas pela avalanche de rejeitos e outras destruições foram impactos imediatos do desastre, mas, as consequências do efeito a longo prazo do desastre podem ser em parte irreparáveis.
Inúmeras localidades vivenciaram repentinamente a falta de abastecimento de água e aqueles que dependiam do rio Doce para se alimentar ou retirar seu sustento, também vêm sofrendo desde então.
Os povos indígenas e povos tradicionais que cultuavam o rio, muito além de buscarem água e alimento, perderam também uma referência fundamental de sua cultura. No rio, eles celebravam a vida, eram batizados e realizavam rituais e festas.
Concluindo, diversos aspectos da vida das comunidades foram desarticulados, além dos impactos ambientais, deslocamentos físicos de pessoas, a perda de trabalho e danos à saúde física e emocional das vítimas do desastre, tornaram-se parte da rotina os debates sobre reparação, indenizações e reassentamentos.